O tubarão-demónio Mitsukurina owstoni é uma espécie rara e a sua biologia é em grande parte desconhecida. Sabe-se, no entanto, que vive próximo do fundo, a profundidades entre os 100 e os 1300 metros, sendo pouco ativo e nadando lentamente.
Uma das suas características mais marcantes é o seu focinho alongado e achatado, em forma de lâmina, que usa para detetar as presas. As suas mandíbulas são altamente especializadas para projeção rápida a partir da cabeça, funcionando com eficácia para abocanhar pequenos animais de que se alimenta, como de peixes, lulas e camarões. É inofensivo para as pessoas.
Pode atingir até 6 metros de comprimento e tem uma distribuição geográfica cosmopolita.
Apresenta um interesse particular para a história da oceanografia portuguesa, já que foi descoberto pela primeira vez em águas do Oceano Atlântico, pelo Rei D. Carlos, em 1901, que adquiriu a pescadores de Sesimbra um exemplar macho, com 111 cm de comprimento, capturado à linha, a 603 metros de profundidade. Pensando tratar-se de uma espécie nova para a ciência, D. Carlos descreve-a com o nome de Odontaspis nasutus ao publicar a sua obra "Investigações feitas a bordo do Yacht Amelia. Ichthyologia.II. Esqualos obtidos nas costas de Portugal durante as campanhas de 1896 a 1903"
Mas este tubarão já havia sido encontrado nos mares do Japão e descrito seis anos antes com o nome de Mitsukurina owstoni. Segundo o seu assistente naturalista Albert Girard, D. Carlos era extremamente cuidadoso quando não conhecia os exemplares capturados, não caindo na tentação imediata de os apresentar como novas espécies. Naquela época as dificuldades de comunicação atrasavam a disseminação da ciência o que explica que D. Carlos só mais tarde tivesse conhecimento que esta espécie já estava descrita com outro nome.
No entanto, este facto não retira o mérito do estudo realizado pelo monarca sobre uma espécie de tubarão rara que nunca havia sido encontrada no nosso mar.
Este tubarão encontra-se conservado em líquido e faz parte da exposição permanente do Museu.