Tal como muitas pessoas, D. Carlos tinha uma curiosidade muito grande pelos tubarões. Durante as suas campanhas oceanográficas o rei cientista adaptou o ESPINHEL, um aparelho de pesca utilizado pelos pescadores de Sesimbra, para pescar em profundidade. Graças a esta arte de pesca conseguiu colher numerosos exemplares de tubarões raros e muito interessantes, muitos deles das desconhecidas zonas abissais.
Dotado de enorme inteligência e sentido prático, D. Carlos tinha por objetivo contribuir para o desenvolvimento da indústria piscatória em Portugal, uma atividade de grande importância económica. E foi com esse objetivo que em 1904 publica um pormenorizado e interessante trabalho sobre esqualos: "Investigações feitas a bordo do Yacht Amelia. Ichthyologia.II. Esqualos obtidos nas costas de Portugal durante as campanhas de 1896 a 1903"
Nesta publicação D. Carlos refere 32 espécies, com informação detalhada sobre dimensões, sexo e presença de fetos, profundidade de captura e data da mesma, conteúdos estomacais, coloração, ou até a presença de parasitas internos e externos.
A obra é valorizada pela inclusão de numerosas observações pessoais sobre distribuição geográfica, abundância, métodos de pesca ou valor económico dos exemplares. No final apresenta quadros com a distribuição batimétrica das trinta e duas espécies estudadas e chaves para a sua identificação.
Ainda hoje esta obra continua a ser uma excelente fonte de informação para estudiosos que realizam investigação sobre os tubarões da fauna portuguesa.