Faz hoje 150 anos que a corveta Duque de Palmela passou o canal do Suez, sendo o primeiro navio de guerra português a fazê-lo.
A Duque de Palmela, uma corveta de madeira construída sob a direção do engenheiro Conde de Linhares, no Arsenal da Marinha, juntamente com a Corveta Duque da Terceira, foi lançada à água em 25 de janeiro de 1864. Era um navio misto, a vapor e à vela, armado com 12 peças Paixhans de calibre 32 e um rodízio Blakeley de calibre 56 que tinham respetivamente o alcance de 2 mil metros e de 4500 metros. Teve um custo total, incluindo artilharia e aparelho propulsor, de 197.025.031 réis. Foi batizada de “Duque de Palmela” como uma alusão ao primeiro detentor dessa titulatura, D. Pedro de Sousa Holstein – importante diplomata e militar que se destacou na primeira metade do século XIX. A Corveta Duque de Palmela participou em várias comissões ultramarinas, sendo que em janeiro de 1877 foi transformada em escola de alunos marinheiros e fundeada em Lisboa. Mais tarde, em 1895, foi transferida para Faro, esteve ao serviço da Marinha Portuguesa até ser mandada desarmar por portaria de 9 de setembro de 1913 e vendida no ano seguinte por 5.080 escudos a A.L. Barbosa Júnior.
Ainda durante o período em que esteve no ativo em alto mar, nomeadamente em 1870, partiu para a estação naval de Macau a fim de render a Corveta Sá da Bandeira no combate à pirataria. Nesta viagem ao Extremo-Oriente passou pelo canal do Suez e tornou-se o primeiro navio de guerra da Armada Portuguesa a fazê-lo. Já em 1869, quando inaugurado o canal Portugal enviara, para se fazer representar, a Corveta Estefânia, no entanto um forte temporal impediu a sua presença e a Galera Viajante tomou o seu lugar tornando-se este o primeiro navio português, da marinha mercante, a atravessá-lo – tendo efetuado a travessia no dia 27 de novembro de 1869.
Finda a missão em Macau, largou de regresso a Lisboa a 26 de novembro de 1873 alcançando novamente o canal a 28 de fevereiro de 1874, saindo a 4 de março do mesmo ano. Entrou no Tejo a 29 de abril de 1874.