Faz hoje 560 anos que Afonso de Albuquerque tomou Goa pela segunda vez.
D. Manuel I foi um monarca que procurou aumentar a esfera de influência lusa para além das fronteiras europeias. No oriente, através de meios económico-diplomáticos, conquistas e uma orgânica de funcionários régios, consolidou a sua autoridade ultramarina que se estendia desde o Sueste Africano até ao Sul da China. Aquilo que os portugueses dispunham na região do Índico era um corpo heterogéneo de centros urbanos, fortalezas e feitorias que visavam assegurar o controlo das rotas comerciais e da navegação.
Durante o ano de 1510, as forças portuguesas, chefiadas por Afonso de Albuquerque – que ocupava o cargo de Capitão-mor da “Costa da Arábia” e de Governador da Índia –, e os exércitos do sultão de Bijapur lutaram pela posse da ilha de Tissuari e da sua cidadela principal, Goa. Situada na fronteira entre o império hindu de Vijayanagar e o sultanado de Bijapur, a cidade mudou de soberanos diversas vezes no final do século XV. A sua importância estratégica era acrescida por se tratar de uma das principais catapultas do comércio ultramarino, visto ser um ponto geográfico privilegiado da costa ocidental indiana. Acrescentava ainda importância a este território as suas áreas agrícolas adjacentes, dissemelhante das que os Portugueses dispunham na costa do Malabar. Ao longo do período de conquista desta região, entre 1510 e 1512, podemos identificar várias fases marcadas por operações militares distintas, sendo que, o primeiro assalto e ocupação de Goa foi entre fevereiro e maio de 1510 e a segunda em novembro do mesmo ano.
Afonso de Albuquerque, aquando da primeira ocupação de Goa, sofre uma ofensiva a 11/12 de maio de 1510, desencadeando uma retirada da frota portuguesa, que desceu o rio Mandovi, e fundeou entre Ribandar e Pangim, numa zona onde o rio alargava consideravelmente. Neste rio a frota esteve encurralada durante dois meses, estando à mercê da monção e de ataques das forças de Hidalcão – Sultão de Bijapur. Finda a monção, a armada portuguesa largou rumo a Angediva, Cananor, Cochim e outras fortalezas militares que estavam sobre a égide portuguesa a sul de Goa. Aqui, Albuquerque, procurou cativar o apoio de vários fidalgos – que ocupavam cargos nas feitorias e fortalezas de domínio português– tal como D. João de Lima, Diogo Mendes de Vasconcelos e Manuel Lacerda, para a empresa de Goa. Após um período de preparação entre agosto e novembro foi armada uma força com cerca de 30 navios e 1680 homens que tinha como objetivo tomar Goa.
A armada deu entrada na barra do rio Mandovi a 24 de novembro de 1510, fundeando em frente ao vale de Benganin. D. João de Lima e seus homens infiltraram-se na cidade e recolheram informações sobre o modo como estava defendida para se delinear uma estratégia – que consistiu em atacar simultaneamente três pontos da muralha que se estendia ao longo do rio. A força lusa avançou no dia seguinte.
A superioridade de artilharia lusa foi decisiva na fratura da muralha, sendo que o resto da operação militar caracterizou-se pela extrema violência do choque entre as duas forças dentro e fora das muralhas que protegiam Goa.
Imagem 1: Taboa de Goa ha velha, in Primeiro roteiro da costa da India desde Goa ate Dio: narrando a viagem que fez o Vice-Rei D.Garcia de Noronha em socorro d'esta ultima cidade 1538-1539, de D. João Castro, 1843. Disponível para consulta na BCM com a cota 3Rot1-63/64.