O apresamento a 23 de fevereiro de 1916 dos navios alemães que se encontravam em portos portugueses desde o início da Grande Guerra foi o acontecimento decisivo que levou à declaração de guerra da Alemanha a Portugal a 9 de março de 1916.
Em meados de 1915 a Grã-Bretanha começa a sentir necessidade de navios mercantes para as suas subsistências, consequência do aumento exponencial da tonelagem de navios afundados pelos submarinos alemães. Inicialmente considerado um país não-beligerante, recolhem-se desde o início da Grande Guerra em Portugal Continental, nas Ilhas e portos das suas colónias, um total de 76 navios mercantes alemães, incluindo dois do Império Austro-Húngaro.
Às 17h50 minutos do dia 23 de fevereiro de 1916 soaram no Tejo uma salva de 21 tiros do cruzador Vasco da Gama. O Comandante da Divisão Naval, embarcou no contratorpedeiro Douro, liderando uma flotilha composta pelo contratorpedeiro Guadiana e torpedeiro n. º1 e n. º2, enquanto se arreavam as bandeiras alemãs nos navios, e no seu lugar colocava-se a bandeira portuguesa com a flâmula de guerra. Nos outros portos nacionais as operações de apresamento iriam decorrer como planeado, prolongando-se a ação pelos dias seguintes.
A 9 de março de 1916, decorrente do apresamento dos navios, é entregue pelo representante alemão em Portugal, o Barão de Rosen, a declaração formal de Guerra da Alemanha a Portugal.
[…] a apreensão dos navios realizou-se sob formas em que deve ver-se uma intencional provocação à Alemanha. A bandeira alemã foi arriada e em seu lugar foi posta a bandeira portuguesa com a flâmula de guerra. […]
O Governo Imperial [da Alemanha] vê-se forçado a tirar as necessárias consequências do procedimento do Governo Português. Considera-se de agora em diante como achando-se em estado de guerra com o Governo português.
Declaração de Guerra da Alemanha a Portugal
9 de março de 1916