No dia 26 de maio de 1902, foram realizadas as primeiras experiências de telegrafia sem fios a bordo de um navio da Marinha portuguesa, o cruzador D. Carlos.
A Marinha Portuguesa desde cedo se interessou por esta inovação, a telegrafia sem fios, cuja primeira ligação com sucesso tinha tido lugar cerca de três anos antes, efetuada por Marconi entre a Inglaterra e a França. Não só a Marinha Portuguesa, mas grande parte das principais marinhas, se interessaram desde logo por este novo método que permitiria às mesmas comunicar com os seus navios à distância, de uma forma mais independente e eficaz.
Eram utilizados transmissores de faísca em que os dois elétrodos eram alimentados por um alternador de alta frequência, do qual resultava um arco elétrico que funcionava como um amplificador das ondas eletromagnéticas. Estas, depois de geradas e, através de uma bobine, eram transmitidas à antena. Através da manipulação aplicada aos elétrodos, conseguia-se modular o tipo de sinal que se pretendia utilizar.
O navio escolhido para realizar as primeiras experiências na Armada Portuguesa, foi o cruzador D. Carlos, no qual foi montado um posto TSF de faísca, da marca alemã Slaby & Arco. Os primeiros testes realizaram-se no dia 26 de maio de 1902, enquanto o navio saía a barra, entre a Torre de Belém e S. Julião. Inicialmente, não foi possível captar nenhum sinal de qualquer uma das duas estações, mas assim que o navio ficou em linha de vista com estas, estabeleceram-se, com sucesso, as primeiras comunicações, que se mantiveram ao longo de vinte quilómetros até que os sinais começaram a deixar de ser percetíveis.