“Taxidermia” significa “dar forma à pele”, uma técnica que preserva a pele de animais mortos para estudo ou exposição, que vulgarmente associamos a coleções particulares de “gabinetes de curiosidades” e a coleções de museus de história natural.
Foi Louis Dufresne, chefe do laboratório do Museu de História Natural de Paris, que popularizou o termo a partir de um artigo com o mesmo título publicado em 1803.
A primeira parte do trabalho consiste na esfolagem e descarnagem do corpo do animal a fim de retirar a pele. Em seguida a pele é curtida e posteriormente surrada, ou seja, desbastada até se obter a espessura desejada. Depois de tratada, a pele é aplicada sobre um manequim do animal entretanto elaborado. Este manequim é executado com base em dados biométricos, registos fotográficos e medidas dos pontos fisiológicos de referência obtidos no corpo do animal antes do início dos trabalhos.
Grande parte do sucesso dos primeiros museus de história natural europeus deveu-se à exposição de animais conservados desta forma, sobretudo espécies exóticas de outros continentes, com as quais o grande público tinha, naquela época, contacto pela primeira vez.
Mais tarde surgiram representações artísticas do comportamento dos animais na natureza, denominadas “dioramas”. Para recriar a cena na natureza, o taxidermista precisava dominar a anatomia e o comportamento do animal a montar.
Os dioramas surgiram no século XIX e tornaram-se populares em muitos museus de história natural no século XX, aumentando em dimensão e complexidade. Nos dioramas que recriam paisagens naturais o fundo é pintado sobre uma tela curva iluminada, de forma a criar uma ilusão de profundidade e movimento. Mais do que observar os espécimes naturalizados dentro das vitrines o diorama ativa a nossa imaginação e transporta-nos para dentro da cena.
No Aquário Vasco da Gama a criação de um laboratório de taxidermia, com formação de jovens taxidermistas e produção de numerosos exemplares teve o seu período áureo na década de 80 do século XX. Demonstrativos desse período e das técnicas aqui mencionadas são os três dioramas em exposição no Aquário Vasco da Gama, dedicados ao lobo-marinho, às otárias-sul-africanas e às lontras que, tanto quanto se sabe, serão os únicos deste tipo no nosso país.