A maior parte dos peixes que conhecemos vive na camada superficial dos oceanos, iluminada pela luz solar que fornece a energia necessária à sobrevivência de animais e plantas.
À medida que a profundidade aumenta a luz do sol começa a escassear e a quantidade de comida disponível é reduzida, obrigando os animais a efetuarem migrações verticais durante a noite, altura em que sobem às zonas superficiais para se alimentarem.
Nas zonas abissais a escuridão é total, a pressão é muito alta e a água muito fria. A pouca comida disponível provém de restos (cadáveres ou excrementos) que caem da superfície. Nestas difíceis condições de vida os peixes desenvolveram curiosas adaptações que lhes permitem sobreviver.
Até meados do século XIX acreditava-se que não existia vida para lá dos 500 metros de profundidade. Em 1896, quando D. Carlos inicia as suas campanhas oceanográficas, a vida nos fundos abissais era quase totalmente desconhecida. Sabendo que existiam na região de Sesimbra grandes vales submarinos a pouca distancia da costa, D. Carlos dedica especial atenção ao estudo da misteriosa vida nos abismos. Adaptando o ESPINHEL, um aparelho de pesca utilizado por pescadores de Sesimbra, para pescar a grandes profundidades, D. Carlos conseguiu capturar um grande número de peixes de profundidade, muitos deles exemplares raros, que representam um valioso contributo para a conhecimento científico desta interessante e misteriosa fauna abissal.