Desde 1795, com a aproximação entre Espanha e França, que se agudizaram os receios de uma invasão, pois Portugal, mantendo a sua neutralidade, não acedia às exigências francesas de abandonar o apoio fornecido à Inglaterra, mas esta também se furtava a providenciar proteção militar ao país. Após um breve período de paz entre Inglaterra e França, a quebra da paz de Amiens em 1803 reacendeu os receios portugueses, com novas exigências a serem feitas por parte dos franceses.
Em 1806 Napoleão decretou o Bloqueio Continental na Europa à Inglaterra, pelo que Portugal foi intimado em 1807 a fazer o mesmo até 1 de setembro desse ano, incorrendo no perigo de invasão. Atendendo a esta ameaça, iniciaram-se os preparativos para a retirada da Família Real para o Brasil, estratégia já há muito tempo equacionada em Portugal e que se vinha a preparar.
A 22 de outubro de 1807, foi assinada uma convenção entre o Príncipe Regente D. João e o rei inglês Jorge III, estabelecendo a transferência da sede da monarquia portuguesa para o Brasil, a ocupação da ilha da Madeira pelos ingleses e firmado um acordo de comércio com a Inglaterra depois de a Família Real se instalar no Brasil. Em novembro, as tropas francesas entraram em Portugal dirigindo-se rapidamente para Lisboa, pelo que a Família Real e milhares de outras pessoas importantes do Reino embarcaram em 23 navios de guerra e 31 navios mercantes com destino ao Brasil, largando a armada de Lisboa no dia 29 de novembro.
Com a sua partida, estava assegurada a continuidade do Reino até ao fim do conflito e com a transferência do poder para o Brasil, davam-se os primeiros passos para o início para da sua futura independência, que viria logo em 1822.