Ao longo da segunda metade do séc. XV, surtos esporádicos de peste afetaram a cidade de Lisboa, pelo que mereceu a atenção de D. João II, possivelmente pelos constrangimentos que a doença poderia causar nas atividades marítimas da altura.
Com a melhor das intenções e desconhecendo-se ainda a verdadeira causa da doença e sua transmissão, o monarca promulgou uma série de medidas com vista a melhorar as condições de higiene e salubridade da cidade, sendo uma a imposição de períodos de quarentena para os navios chegados de fora.
Por uma carta dirigida à Câmara em 5 de setembro de 1492, o monarca exige que os navios que se destinassem ao porto de Lisboa deviam aguardar no Restelo por um período de tempo até que fossem autorizados a subir o rio até Lisboa. Posteriormente, reforça novamente esta medida determinando a construção de esteios de pedra em Alcântara, os quais nenhum navio poderia passar sem autorização sob pena de confisco deste e da sua mercadoria e açoites aos responsáveis. Deveriam passar esse “impedimento” no Montijo ou junto à boca do rio do Barco das Enguias e os seus batéis eram-lhes retirados, podendo, no entanto, regressar ao mar caso preferissem. Estas medidas, que ainda vigoraram alguns séculos, foram pioneiras na sanidade marítima em Portugal.