Faz hoje 520 anos que Pedro Álvares Cabral ancorou em frente de Calecute, procurava obter consentimento do Samorim para estabelecer ali feitorias.
Pedro Álvares Cabral foi um navegador e explorador português que ficou conhecido pelo descoberta do Brasil. Tradicionalmente, a sua naturalidade é atribuída a Belmonte e o nascimento a 1467 ou 1468. É filho segundo de Fernão Cabral e Isabel de Gouveia. Faleceu por volta de 1520, em Santarém.
Reflexo do sucesso da viagem de Vasco da Gama à Índia por via marítima, sai do tejo uma armada composta por 13 velas – 9 naus, 3 caravelas e 1 naveta – a 9 de março de 1500. Esta frota tinha Pedro Álvares de Gouveia (Cabral) como capitão-mor, embora anteriormente tivesse sido escolhido Vasco da Gama para exercer aquela função. Esta armada enviada por D. Manuel I procurava estabelecer um corpo de instituições de cariz diplomático, organizacional e militar que suportasse as pretensões da Coroa Portuguesa no quadro geopolítico do Índico, nomeadamente no controlo comercial oceânico euro-asiático.
A armada de Álvares Cabral, a caminho do Índico, acaba por fazer uma manobra mais larga do que a instruída por Vasco da Gama – a segunda armada deixou lisboa em março, em vez de julho coma a armada precedente, o que significa que os ventos afetaram a navegação de forma dissemelhante –, o que resulta no achamento da terra de Vera Cruz a 22 de abril. A viagem é retomada a 2 de maio, sendo que ao largo do cabo da Boa Esperança foram atingidos por uma forte tempestade que resultou no naufrágio de quatro naus.
A 13 de setembro a armada ancorou em Calecute e saudou a terra com salvas de artilharia. Este costume europeu protocolar teve um efeito pouco positivo, amedrontando as populações locais e iniciando o contacto de forma condicionada. Pedro Álvares Cabral visitou o Samorim e entregou-lhe ricos presentes em ouro, prata e tecidos finos que agradou o rei, bem como uma carta de D. Manuel previamente traduzida em Árabe. Esta carta esclarece o contexto religioso dos portugueses e faz uma proposta de aliança política e comercial, sob a égide da doutrina cristã. São juradas pazes e são feitos contratos de compra de especiarias.
Aires Correia, que estava previamente encarregado da feitoria de Calecute, instalou-se em casas de Coge Bequim, chefe do grupo mouro que controlava o comercio via terrestre do interior. Este mantinha rivalidade com Coge Cemecerim, chefe dos mouros estrangeiros que controlava o comércio mercantil, comércio este que os Portugueses ambicionavam conferir. No entanto, a pressão muçulmana junto da administração local dificultou as relações comerciais, o que culminou num incidente em que a feitoria portuguesa foi atacada, sendo Aires Correia e cerca de 50 portugueses mortos. Em resposta o capitão-mor da armada portuguesa bombardeou durante dois dias mais de 15 navios que estavam no porto de Calecute, morreram mais de 500 pessoas. Depois destes episódios as relações entre Calecute e os Portugueses nunca mais se reconciliaram.
Todavia, os conflitos entre as cidades rivais do Índico, nomeadamente Cochim e Calecute, viabilizaram o carregamento de mercadorias em Cochim, que se tornou nas duas décadas seguintes no principal centro português na Índia. A armada de Cabral iniciou o regresso a 16 de janeiro de 1501, sendo que o capitão-mor alcançou Lisboa a 21 de julho de 1501.
Imagem: Panorama da cidade de Calecute in Civitates orbis terrarum, Georg Braun e Franz Hogenber, 1572.