Faz hoje 250 anos que foi nomeado Martinho de Mello e Castro para Ministro e Secretário de Estado dos Negócios e Domínios Ultramarinos. Este notável homem setecentista, exerceu diversas funções diplomáticas em prol do reino de Portugal na segunda metade do século XVIII, bem como protagonizou impactantes reformas na Marinha de Guerra que chegaram aos dias de hoje.
Martinho de Mello e Castro nasceu a 11 de novembro de 1716, em Lisboa. Filho segundo, principia a sua educação em Évora, cursando Filosofia, passando posteriormente pela Universidade de Coimbra onde se graduou em direito canónico. Em 1751, D. José I, indica Mello e Castro como seu enviado especial às Províncias Unidas. Os seguintes anos consolidaram a figura de Mello e Castro como um experiente estadista. Em 1770 é chamado a Portugal para assumir o cargo de Ministro e Secretário dos Negócios de Marinha e dos Domínios Ultramarinos, substituindo Francisco Xavier de Mendonça, então falecido irmão do Marquês de Pombal. O novo ministro deteve este título até 1795.
A segunda metade do século XVIII circunscreve uma Europa profundamente articulada à ideia de globalização e mercantilismo, e como tal a pasta da Marinha e dos Territórios Ultramarinos acarentava uma importância acrescida. A conjuntura portuguesa deste período é escrita, essencialmente, com a pena do Marquês de Pombal, até 1777, Mello e Castro pouca liberdade teve para pôr em prática as suas prerrogativas. No entanto, quando o Marquês é afastado do poder por D. Maria I, Mello e Castro retifica a sua jurisdição restabelecida.
Mello e Castro começa por incrementar a produção das matérias base necessárias para a arte de navegar, desenvolvendo diversas indústrias que, por consequente, diminuíram a dependência externa relativamente a alguns bens. A Fábrica Nacional de Cordoalha (1771), a Fábrica de Pólvora de Barcarena (1776) e a Fábrica de Alcatrão e Pez (1778) são exemplos perfeitos de alguns estabelecimentos promovidos por Mello e Castro que acrescentaram valor à Marinha de Guerra Portuguesa, bem como aos próprios cofres lusos.
Num contexto Ultramarino, Melo e Castro, procurou ainda aplicar reformas administrativas, nomeadamente em Macau (1773), bem como medidas de carácter económico, de modo que facultou a formação da Companhia Geral das Reais Pescarias do Algarve (1773), e a extinção das Companhia Pombalina de Pernambuco e Paraíba e da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
Relativamente à própria orgânica da Marinha de Guerra, Mello e Castro, protagonizou uma “verdadeira revolução” articulada com a premissa de uma Marinha coesa, organizada e hierarquizada: cria o conselho do Almirantado (1790), que é elevado à categoria de Tribunal Régio; desenvolve a Majoria General da Armada, para intervir diretamente na organização das esquadras; forma a Auditoria de Marinha, que se torna no expediente jurídico dentro do seu ministério; cria um corpo de oficias da Armada, nos quais se inserem os postos de Segundo-Tenente, de Capitão-de-Fragata e de Vice-Almirante; desenvolve duas instituições de ensino para formar os oficiais de Marinha, a Academia de Marinha de Lisboa (1779) e a Real Academia dos Guardas-Marinhas; e, finalmente, equipara os soldos dos oficiais aos do Exército.
Ademais do posto de Ministro, Mello e Castro, reuniu na pessoa dele o exercício de Capitão-General da Armada, cargo que ocupou entre 1780/82. Para além destes cargos tinha também os títulos de Conselheiro de Estado da Casa de Bragança, Grã-Cruz e Alferes da ordem de Sant´Iago e comendador da ordem de Cristo. Faleceu a 24 de março de 1795.