Faz hoje 560 anos que faleceu o Infante D. Henrique, icónica personalidade do projeto expansionista quinhentista português e da tradição lusa.
D. Henrique nasceu a 4 de março de 1394, no Porto, era o quarto filho varão do Rei D. João I e de D. Filipa de Lancastre. O seu pai era o herói da Batalha de Aljubarrota e o seu avô paterno D. Pedro I. Por norma é evocado como Henrique, o Navegador ou o Infante de Sagres, obviamente uma referência ao legado que representa para a História Marítima, para o Ensino Naval e para o arranque do movimento expansionista português. D. Henrique marcou profundamente a existência de Portugal e a sua relação com o mundo.
Ao longo da sua vida, o Infante D. Henrique, foi acumulando uma influência que se equiparava à da própria Coroa. Reuniu na sua pessoa uma série de títulos e benefícios, com destaque para o ducado, e respetiva titulatura, de Viseu, o de governador da Ordem Militar de Cristo, as mercês de governo militar de Ceuta, benefícios da Coroa, monopólios Nacionais, como o das saboarias e isenções de portagem e costumagens, e até mesmo o monopólio internacional, confirmado pelo papa Nicolau II através da bula Romanus Pontifex, que reconhecia o direito da coroa portuguesa e do Infante D. Henrique ao exclusivo da navegação a sul do cabo Bojador.
Para além de um grande empreendedor, foi também um cristão devoto, apologista persistente da Cruzada. Combateu na linha da frente onde se destacou pela sua coragem destemida, valorizada pelos seus contemporâneos, por ser entendida como sinal de abnegação – Ceuta (1415) e, aos 64 anos, Alcácer-Ceguer (1458).
Nas “vésperas” da expedição a Marrocos, que culminaria no desastre de Tânger (1437), D. Henrique, adota, por confirmação de alvará, o segundo filho do rei D. Duarte I, o infante D. Fernando. Esta medida é entendida, por diversos académicos, como forma de fazer retornar à Coroa os bens confiados ao Navegador, se este falecesse na empresa Marroquina, bem como perpetuar a casa do Infante de Sagres. D. Henrique faleceu a 13 de novembro de 1460 na cidade de Lagos sem descendentes diretos, deixando o grosso dos negócios, senhorios e titulaturas para o seu sobrinho e filho adotivo, D. Fernando.
Em homenagem ao Infante D. Henrique, a Marinha de Guerra Portuguesa adotou como sua a célebre divisa – Talant de bien faire (vontade de bem fazer) –, que exorta ao esforço pessoal no sentido da perfeição. Foi ainda escolhido em 1936, ano da inauguração das novas infraestruturas da Escola Naval no Alfeite, para primeiro Patrono dos seus cursos tradicionais.