Até ao aparecimento das estradas de macadame e do caminho-de-ferro, em meados do século XIX, o tráfego fluvial era o meio mais seguro, rápido e económico, de transporte de pessoas e de mercadorias.
Os rios sempre possibilitaram condições propícias à fixação de populações e ao desenvolvimento de atividades como a pesca e a agricultura. Tal é a sua importância, que os materiais transportados e as funções cumpridas por cada embarcação denunciam a história económica e social da região onde se insere.
Este é o caso do barco rabelo, do rio Douro, cuja história é impossível separar do vinho do Porto, assegurando durante séculos, o transporte dos cascos. No Tejo, à vista de Lisboa, o varino dedicou-se ao transporte de mercadorias e o bote cacilheiro garantiu, até ao início do século XX, o transporte das pessoas entre as margens norte e sul.
Nesta sala, ainda se podem observar outras atividades. Aponta-se o moliceiro, embarcação alegre, usado na apanha e transporte do moliço, na ria de Aveiro. A barcaça da areia, mais discreta, é utilizada na recolha da areia, no rio Tejo, na região da Constância. Ambos recorrem ao rio como fonte de matéria-prima e de via de comunicação.
Ao observar a versatilidade do carocho do Rio Minho, ficamos a conhecer o lugar que estas embarcações de trabalho ocupam nas tradições regionais. Muitas delas, obsoletas tecnologicamente, ainda hoje animam os rios, mantendo vivo um mundo de memórias.