Os vínculos entre Portugal e o Mónaco são numerosos, mas a incontestável paixão pelo mar marcou a ligação entre Príncipe Alberto I, do Mónaco e Portugal – nomeadamente, nas suas viagens oceanográficas pelos Açores.
O interesse pela oceanografia tinha espelho em Portugal no Rei D. Carlos I, que por seu profundo interesse efetuava em paralelo expedições oceanográficas pela costa litoral de Portugal continental.
Ambos foram pioneiros no estudo do mar, da sua fauna e flora, antevendo há mais de um século todas as potencialidades dos oceanos.
A vastidão do oceano, aliada à complexidade das características que o compõem motivaram o Príncipe Alberto I do Mónaco a aperfeiçoar os métodos de recolha e análise de cada campanha oceanográfica. Sob sua organização e direção, cada campanha tinha como objetivo incrementar o conhecimento sobre as espécies aquáticas. Não se limitou à captura de espécimes, procurando também identificá-las e catalogá-las, de acordo com a sua distribuição geográfica e batimétrica.
D. Carlos privou com o Príncipe Alberto I do Mónaco ainda muito jovem, por ocasião de uma das visitas do soberano monegasco à Família Real Portuguesa. Ambos descobrem que partilham dos mesmos interesses, nomeadamente, a paixão pelo mar e pela natureza, nascendo assim uma amizade que irá consolidar-se com o tempo.
Os dois monarcas trocavam correspondência científica durante as campanhas oceanográficas, na qual iam confrontando os resultados obtidos, discutindo questões técnicas, numa estreita colaboração que continuou até ao fim da vida de D. Carlos.
O Príncipe Alberto I do Mónaco procurou, durante as suas campanhas oceanográficas, reunir grupo científico bastante qualificado e diversificado, que trabalhava, simultaneamente, em terra e no mar. Após a sua análise e interpretação, as coleções recolhidas eram anualmente depositadas nas instalações provisórias do Museu, mais tarde designado como Museu Oceanográfico do Mónaco.
No final de cada campanha apresentava os seus resultados à Academia das Ciências de Paris. Os seus estudos incidiam em áreas bastante abrangentes desde o estudo de organismos, bactérias e fitoplâncton – passando pelos répteis e mamíferos marinhos e envolvendo todos os grandes grupos da fauna predominante nos ambientes oceânicos.
No âmbito das comemorações do centenário da morte do Príncipe Alberto do Mónaco, o Museu de Marinha em conjunto com o Comité Alberto I irá acolher a Exposição temporária “O amigo oceanógrafo – Alberto I do Mónaco e Portugal 1873 – 1920”, de 15 de outubro a 18 de dezembro de 2022.