O almirante Afonso Júlio de Cerqueira foi um distinto Oficial de Marinha, este, nasceu em Viseu, a 1 de fevereiro de 1872, completando este ano, 150 anos do seu nascimento. Formou-se em diferentes áreas técnicas, como meteorologia, artilharia, eletricidade, radiotelegrafia e aeronáutica, destacando-se em terra, no mar e no ar, sendo considerado um dos maiores heróis navais da contemporaneidade.
Frequentou a Escola Politécnica de Lisboa, e ingressou na Marinha a 5 de novembro de 1888. Como Segundo-tenente, embarca na corveta Mindelo, que incorpora a força naval que é destacada para o Brasil, até 1894, com a missão de defender os cidadãos e bens nacionais aquando da “Revolta dos Almirantes”. Afonso Cerqueira revela-se, desde o início da sua carreira, um oficial cumpridor, metódico e estudioso.
Promovido a Primeiro-tenente em 16 de janeiro de 1902, inicia nesse ano uma comissão na Divisão Naval do Índico. É na costa de Moçambique, onde exerce os seus primeiros comandos navais: da lancha-canhoneira Cherim, do vapor Batista de Andrade do transporte Álvaro de Caminha, e vai integrar a campanha do Barué, na pacificação dos Namarrais. Em novembro de 1903 encontra-se a bordo do navio Álvaro de Caminha, quando tem lugar a explosão de uma fortaleza na ilha de Moçambique. Demonstra coragem, tenacidade e serenidade, qualidades que o acompanhariam ao longo da vida militar. Com o início da Grande Guerra, Afonso Cerqueira integra o Batalhão da Marinha que é destacado para Angola. É promovido a Capitão-tenente a 25 de maio de 1915. Distinguiu-se em Angola nos combates de Humbe, Cuanhama, N’Guive e Tchimpelungo. Contudo, após a sua reabilitação, comanda entre 1916 e 1917 o contratorpedeiro Guadiana, que efetua vários cruzeiros no Atlântico, em serviço de escolta.
Em 1917 desempenha o cargo de Comandante da Aviação Naval. A organização deste serviço muito lhe ficou a dever, sendo de destacar alguns dos feitos da Aviação Portuguesa durante este período, nomeadamente as ligações aéreas à Madeira e ao Brasil. Entre 1922 e 1923 comanda o transporte Pedro Nunes, e em seguida presta serviço no Estado-Maior da Armada, numa comissão que se prolongará até1929. Regressa à Aviação Naval - um dos serviços em que mais imprimira o seu cunho pessoal - de 1929 a 1934. Membro da aviação comercial e presidente da Comissão Central das Pescarias, Afonso Cerqueira passou à reserva a 1 de fevereiro de 1934, com o posto de Capitão-de-mar-e-guerra. Foi promovido a Contra-almirante por distinção, três anos mais tarde. Homenageado em vida como um herói, faleceu em Lisboa a 31 de março de 1957.