Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu a 17 de fevereiro de 1869, em Lisboa. Oficial de Marinha que se tornou um ícone para o país, apesar da sua simplicidade e modéstia. Marcou uma época. Impôs-se como um exemplo a seguir para muitos Oficiais de Marinha e para a sociedade. A sua vida ficou inscrita no panteão dos heróis nacionais.
Ingressou na Escola Naval em 1886, tendo sido promovido a Guarda-marinha em 1890. Personagem multifacetada, pode considerar-se a sua carreira repartida por quatro grandes áreas: vida a bordo; geodesia e cartografia; navegação aérea; história da náutica e descobrimentos.
Logo após terminar a Escola Naval, desempenhou diversas comissões de embarque, até quase ao final do século. Em 1898, passou para a geodesia, voltando apenas a embarcar com funções em navios de guerra pouco depois da implantação da República. Foram duas comissões curtas de comando de navios, mas onde teve um papel fundamental, como comandante da canhoneira Pátria em 1912, em Timor, na repressão da revolta do Manufai.
Foi também em Timor que realizou os primeiros levantamentos geodésicos, em 1898, atividade exercida até 1919, tendo percorrido a pé milhares de quilómetros em Timor, Moçambique, Angola e São Tomé. A partir daqui, passou a vogal da Comissão de Cartografia, que dirigia todos estes trabalhos de levantamentos cartográficos até que, em 1925, foi escolhido para presidente desta comissão. Esta foi a tarefa com a qual o Almirante mais se identificou, considerando-se desde sempre e acima de tudo, um Geógrafo.
Nesses trabalhos de levantamentos, conheceu Sacadura Cabral. Quando este teve a ideia de ligar Lisboa e o Rio de Janeiro por via aérea lembrou-se logo de Gago Coutinho para o ajudar a resolver os problemas de navegação que esta iniciativa colocou. Em conjunto, desenvolveram um processo científico de navegação aérea e a viagem concretizou-se com o sucesso já conhecido.
Após a viagem aérea começou também a ter um interesse especial por assuntos de história dos descobrimentos e da náutica. Publicou imensos estudos sobre esta temática. Em 1958, por determinação da Assembleia Nacional, foi promovido ao posto de Almirante. Gago Coutinho faleceu em 18 de fevereiro de 1959, um dia depois de completar o seu 90º aniversário.