A 19 de agosto de 1883 nasceu, em Loulé, José Mendes Cabeçadas Júnior. Oficial de Marinha, teve um papel decisivo na preparação dos movimentos revolucionários que conduziram à Implantação da República Portuguesa, em 1910.
Após frequentar a Escola Politécnica ingressou na Escola Naval em 1903 onde iniciou a sua carreira militar como aspirante de Marinha. De fortes convicções republicanas, sublevou e comandou o cruzador Adamastor, navio com participação ativa nas operações militares que conduziram ao derrube da Monarquia, em 5 outubro de 1910.
Instaurada a República militou, sucessivamente, nos partidos Unionista, Liberal, Nacionalista e na União Liberal Republicana, continuando a sua carreira naval como oficial, primeiro a bordo do cruzador S. Rafael, e depois do S. Gabriel até concluir o serviço de mar em dezembro de 1913. Nos anos seguintes desempenhou cargos como o de Capitão do Porto de Vila Real de Santo António e Comandante da Escola de Alunos Marinheiros do Sul, tendo passado pela Direção de Hidrografia, Navegação e Meteorologia Náutica.
A degradação da situação política nacional, sobretudo no rescaldo da participação na Grande Guerra, motivou-o para um crescente empenho na reforma do regime republicano. Tal conjuntura conduziu-o à participação nas revoltas militares de 18 de abril e 19 de julho de 1925, sem sucesso, e na intervenção no movimento militar, onde assumiu o comando da revolta em Lisboa que derrubou o regime vigente a 28 de maio de 1926. Visto como uma figura de esperança para a manutenção do sistema republicano, assumiu as funções de Presidente da República após Bernardino Machado ter renunciado à Presidência da República, delegando as funções constitucionais. No entanto, alguns dias depois, acabou por ser afastado pelos setores mais conservadores dada a evolução da situação político-militar que não lhe era favorável.
Após regressar à Armada, manteve sempre o seu pensamento livre e a convicção no que defendia, sendo por isso que facilmente se incompatibilizou com a consolidação do Estado Novo. Entre 1931 e 1947 esteve envolvido em conjuras contra o novo regime, na sequência das quais esteve preso e acabou por ser julgado e reformado compulsivamente no posto de Vice-almirante. José Mendes Cabeçadas Júnior faleceu em Lisboa a 11 de junho de 1965.