Fernando Augusto Pereira da Silva nasceu em Lisboa a 13 de janeiro de 1871. Oficial de Marinha, um dos principais defensores da renovação da Armada e dos mais proeminentes teóricos do poder naval português durante a Primeira República.
Alistou-se na Escola Naval a 13 de novembro de 1889, como aspirante de 2ª classe, e após concluir os seus estudos embarcou na corveta Rainha de Portugal, que se encontrava ao serviço da Divisão Naval do Índico. Integrando uma força militar do navio, Pereira da Silva participa no ano seguinte na defesa de Lourenço Marques. Mais tarde, em 1896, em Moçambique, recebe o seu primeiro comando: a lancha-canhoneira Obuz, um dos navios da Esquadrilha do Zambeze. Pereira da Silva vai participar ao longo desse ano nas campanhas militares contra Gungunhana. Em 1897 é colocado em Angola, no Comando da Divisão Naval do Atlântico Sul. Regressa à Metrópole em 1898, para prestar serviço novamente no Algarve.
Fortemente influenciado pelas ideias do almirante americano Alfred Mahan (1840-1914), acerca dos conceitos de uso e comando do mar, e das marinhas enquanto instrumento político ao serviço do Estado, Pereira da Silva divulga, inicialmente, as suas ideias nos Anais do Clube Militar Naval e na Liga Naval, criada em 1901, e tudo faz para colocá-las em prática através de uma notável ação política e operacional, que se prolongará até meados da década de trinta do século XX. A 31 de maio de 1904 é convidado para integrar a Comissão do Plano de Reconstrução da Armada. Especializa-se nesse ano em “Torpedos e Eletricidade”. Promovido a Primeiro-tenente a 23 de abril de 1906, toma posse interinamente do comando do cruzador D. Amélia. Em 1909 publica o livro “O Nosso Plano Naval”. A obra é o resultado de anos e anos de pensamento e reflexão sobre política naval.
A atividade operacional de Pereira da Silva tende a incrementar-se durante a Grande Guerra, por um lado, como imediato de Leote do Rego, no cruzador “Vasco da Gama”, no golpe revolucionário de 14 de Maio de 1915, onde a Marinha emerge como a grande vencedora de uma vontade de precipitar a beligerância de Portugal na Europa; por outro lado, como comandante do contratorpedeiro Douro, quando foram enviados milhares de militares portugueses para França, em 1916. Pereira da Silva efetuará 234 missões, entre meados de 1916 e 1918, nomeadamente, transportando tropas até à frente de combate, no patrulhamento antissubmarino e nas escoltas a comboios marítimos.
Pereira da Silva esteve ainda ligado à atividade política como governante na década de vinte do século XX, tendo sido, justamente, Ministro da Marinha (1923-1926). Promovido a contra-almirante a 24 de janeiro de 1935, Fernando Augusto Pereira da Silva, foi um dos oficias da Marinha mais brilhantes da sua geração. Faleceu em Lisboa a 3 de novembro de 1943.
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Arquivo Histórico de Marinha - SILVA, Fernando Augusto Pereira da; Álbum 19, pág. 65, nº de ordem 6850