Jayme Daniel Leotte do Rego nasceu a 1 de dezembro de 1867, na cidade de Lagos. Oficial de Marinha, destacou-se como figura ímpar por ter conseguido converter a Marinha de Guerra num dos principais pilares da defesa nacional. Aquando da declaração de guerra por parte da Alemanha a Portugal, em 1916, ficou para a história a sua popular frase dirigida ao Presidente da República, Dr. Bernardino Machado: “Senhor Presidente. A Marinha está pronta para o combate!”.
Ingressou na Escola Naval aos 19 anos e após concluir o curso embarcou na corveta Mindelo, onde veio a ter, em Moçambique, o seu batismo de fogo nas operações do Pungué, demonstrando desde cedo qualidades como militar. Ao longo da década seguinte prestou serviço em navios atribuídos à Divisão Naval da África Oriental: comandou a lancha-canhoneira Maravi, o vapor Auxiliar, o vapor Baptista de Andrade e Neves Ferreira.
No início do século assumiu o comando da canhoneira Mandovi, partindo em 1903 para Moçambique onde durante oito meses efetuou trabalhos hidrográficos, tendo estes sido interrompidos para exercer funções de ajudante de ordens do Major-General da Armada. Mais tarde, em 1910, tomou posse como governador de S. Tomé e Príncipe, função esta que desempenhou por pouco tempo, devido a mudanças na pasta da Marinha e Ultramar e à implantação da República.
Em 1913 filiou-se no Partido Republicano Português, tendo sido sempre a sua grande ambição a luta pela defesa da Marinha. Por esse motivo encabeçou, a 14 de maio de 1915, uma rebelião, com a tomada do comando do cruzador Vasco da Gama, assumindo a liderança da intervenção de outros navios revoltosos. Tal acontecimento teve como consequência a sua nomeação como Comandante-Chefe da Divisão Naval de Defesa e Instrução. Em 1916, o Governo português inicia uma política mais hostil em relação à Alemanha, sendo Leotte do Rego designado, no início desse ano, para coordenar a operação de apreensão dos navios alemães surtos em portos portugueses no Continente, Ilhas e Ultramar. Graças ao seu comando, no decorrer do conflito armado, a Divisão Naval de Defesa cumpriu plenamente as missões que lhe foram atribuídas.
Em 1917, o Major Sidónio Pais assumiu funções de Chefe de Estado levando à queda do Governo. Leotte do Rego foi exonerado e exilou-se em Paris tendo regressado a Portugal em 1919. Anos mais tarde, em 1923, Jayme Lotte do Rego faleceu ficando para memória o seu exemplo como militar que, tanto na Monarquia como na República, fez com que prevalecesse o mesmo objetivo: a luta pelo engrandecimento da Marinha.