A 28 de dezembro de 1852 nasceu o Capitão-de-mar-e-guerra Engenheiro Hidrógrafo António Artur Baldaque da Silva. Oficial de Marinha, homem de mar, engenheiro, cientista, estratega, filósofo, político, senador da República e uma das mais distintas figuras da sua época. A sua obra maior, o Estado Actual das Pescas em Portugal (1891) constitui, até à data, um dos mais completos trabalhos sobre as artes, embarcações, espécies pescadas e comunidades piscatórias em Portugal.
Baldaque da Silva completou na Escola Naval o Curso de Marinha Militar em 1874, tendo sido promovido a Guarda-marinha a 11 de junho desse mesmo ano. Os primeiros anos da sua carreira naval foram passados em comissões de serviço a bordo de diversos navios no Continente e no Ultramar, durante os quais percorreu África, o Extremo-Oriente e a América do Sul.
Em 1878, já no posto de Segundo-tenente foi mandado apresentar-se ao Diretor-Geral dos Trabalhos Hidrográficos, sendo nomeado para coadjuvar os trabalhos geodésicos nacionais. Em 1884 deu início à sua primeira e maior tarefa no âmbito da Hidrografia: proceder à organização do Roteiro das Costas e Portos do Continente do Reino, que lhe valeu o reconhecimento da sua competência técnica.
Em 1889 foi nomeado vogal da Comissão das Pescarias, função que desempenhou durante mais de oito anos, tendo sido creditado como uma autoridade nacional nesta matéria. Passados dois anos, em 1891, foi promovido a Capitão-tenente, iniciando nesse mesmo ano funções na Comissão das Obras do Porto de Lisboa, sendo no ano seguinte nomeado para a recém-criada Comissão Central de Piscicultura, na qual recebe a primeira estação aquícola em Portugal.
A 16 de março de 1910 foi promovido ao posto de Capitão-de-mar-e-guerra, no entanto, dado um agravamento da artrite crónica de que padecia, teve de reformar-se, após cerca de quarenta anos de serviço efetivo, continuando, porém, a desempenhar no Ministério das Obras Públicas. Iniciou uma nova etapa da sua vida, agora na área política, tendo sido convidado a integrar o Partido Republicano pela delegação da Figueira da Foz.
Em 1914 foi eleito Senador da República. No entanto, com o agravamento da sua doença acabou por falecer a 21 de agosto de 1915 deixando, muitos estudos e artigos publicados, para além do importante legado material que, geração após geração, tem contribuído para a preservação e divulgação da história e memória coletiva das comunidades piscatórias na região do Algarve.
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BCM – Arquivo Histórico, Secção Fotográfica: Oficiais da Armada - Álbum de Oficiais nº6, página 50, nº de ordem 1065.