D. João de Castro foi um cientista notável, um soldado aguerrido, um navegador exímio, décimo terceiro governador da Índia e seu quarto vice-rei. É um dos vultos mais brilhantes do «Humanismo Renascentista» português, produto de uma geração de ouro da cultura portuguesa onde, entre muitos outros, se podem referir os nomes de Pedro Nunes, João de Barros, Damião de Góis, ou Diogo de Teive.
Nasceu em Lisboa a 27 de fevereiro de 1500, tendo falecido em Goa a 6 de junho de 1548. Moço fidalgo de D. Manuel, com dezoito anos inicia na arte da guerra em Tânger, acabando por ser armado cavaleiro pelo governador da cidade, D. Duarte de Meneses. No ano de 1535 participa numa poderosa armada no Mediterrâneo, para dar caça ao corsário Kheir-ed-Din, mais conhecido por "Barbarroxa", apoiado pelos turcos. Logo em 1539, quando pisa pela primeira vez solo indiano depara com um cerco a Diu, feito pelas tropas turcas comandadas por Soleimão Baxá; em 1541 participa numa armada, capitaneada por D. Cristóvão da Gama, que assola as costas do Mar Vermelho em busca da frota de galés turcas; quando regressa da Índia (1542) é nomeado capitão-mor da armada de guarda-costa, com a tarefa de salvaguardar as praças marroquinas do inimigo muçulmano; em 1546, já no seu consulado como 13º governador da Índia, trava uma luta heroica, saindo vencedor contra uma força onde predominavam turcos, que, novamente, cercava a cidade de Diu.
Quando embarca para a Índia a bordo da nau “Grifo”, em 1538, tenta resolver vários problemas com que se debatia a náutica quinhentista: a determinação da latitude e longitude, a representação cartográfica e o desvio da agulha; estudando em simultâneo o regime de ventos, as correntes, e o magnetismo terrestre. A sua obra é uma das mais significativas de entre as que se produziram na época. Entre os textos que chegaram até nós, avultam três excecionais roteiros - "De Lisboa a Goa "(1538); "De Goa a Dio"(1538-1539); "De Goa a Soez" ou roteiro do "Mar Roxo"(1541).