Alfredo Botelho de Sousa nasceu a 1 de dezembro de 1880, na ilha de S. Miguel (Açores). Oficial de Marinha, político e intelectual, foi uma das figuras mais notáveis da Armada do século XX, destacando-se no estudo do mar, poder marítimo e pensamento estratégico.
Em 1898 ingressou na Escola Naval onde concluiu o curso ao fim de três anos. Após o seu término, embarcou no cruzador D. Carlos e nas canhoneiras Sado, D. Luís e Tâmega, onde realizou pequenas comissões de serviço. Pouco tempo depois foi chamado para prestar serviço na Índia e em Moçambique. Esta comissão de serviço alterará por completo a sua visão do Império Português, quer da história secular, quer da perspetiva de futuro que ensombrava as possessões portuguesas em África e na Ásia, enquanto a Marinha Portuguesa conhecia um processo de acelerada decadência.
A constatação dessa realidade levará Botelho de Sousa a produzir uma vasta obra até ao fim da vida, no campo da História, da Geopolítica e da Estratégia, onde se torna claro o seu esforço para entender, problematizar e propor soluções para os problemas com que Portugal se debatia ao nível imperial, naval e internacional. A evolução do pensamento estratégico deste oficial da Marinha contempla uma diversidade de leituras de autores como Mahan, Corbett, Fincati, Sechi, Daveluy, Bernottin, que complementaram uma visão abrangente do poder do Estado do mar e ajudaram a explicar a necessidade de uma política naval para o País, que servisse os objetivos da sua política interna e contribuísse para reforçar o seu papel internacional.
Em abril de 1915, Botelho de Sousa assume a chefia do Observatório Meteorológico de Ponta Delgada, no entanto, aquando a declaração de guerra a Portugal por parte da Alemanha, solicitou a sua exoneração do cargo para embarcar como comandante do vapor Almirante Paço de Arcos. A sua principal missão era o transporte de tropas de Lisboa para a Flandres, e comboiar navios mercantes e de passageiros.
No pós-guerra desempenhou ainda múltiplas funções: vogal da Comissão de História Militar (1923); Comandante do contratorpedeiro Tâmega (1926-27); professor do Curso Naval de Guerra (1927); Comandante do contratorpedeiro Lima (1934-36); Chefe do Gabinete do Major General da Armada (1936-37); integrou a Comissão Organizadora do Museu de Marinha (1936); Chefe do Estado Maior Naval (1939); e Major General da Armada (1940).
O Vice-almirante Alfredo Botelho de Sousa faleceu a 7 de abril de 1960, deixando um vasto legado no pensamento estratégico da época.
Na imagem:
- Alfredo Botelho de Sousa BCM - Arquivo Histórico, Secção Fotográfica Oficiais da Armada - Álbum de Oficiais n.º 20, Página 92, N.º de Ordem 7612