Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu em Lisboa, a 17 de fevereiro de 1869, evocando-se este ano o 150º aniversário do seu nascimento. Ingressou na Escola Naval em 1886, tendo-se distinguindo, desde logo, pelo seu aprumo e inteligência. Iniciou as suas comissões de embarque em 1871, sobretudo com a incumbência dos assuntos de navegação a bordo.
Desde muito novo, Gago Coutinho interessou-se pelo estudo dos navios de guerra, nomeadamente a telegrafia sem fios, a artilharia, a construção naval, o magnetismo, os problemas técnicos de navegação, de uma forma geral. Contudo, a partir de 1898 Gago Coutinho iniciou a sua atividade como geógrafo. Os trabalhos levados a cabo por este oficial da Marinha encontram-se entre os de maior valor científico produzidos pelos portugueses na Ásia e em África. De facto, após as extraordinárias campanhas de delimitação de fronteiras em Timor, Moçambique e Angola, entre finais do século XIX e o início da segunda década do século XX, onde colocou em prática todos os seus conhecimentos de geodesia, de astronomia e de geografia matemática, Gago Coutinho é nomeado chefe da Missão Geodésica de S. Tomé e Príncipe, a 28 de setembro de 1915. Tinha como missão produzir, de forma rigorosa, as cartas topográficas daquele arquipélago. Entre julho de 1916 e março de 1917, e novembro de 1917 e maio de 1918, Carlos Viegas Gago Coutinho percorreu as ilhas de S. Tomé, efetuando rigorosas observações geodésicas. Tradicionalmente, a cartografia assinalava que a linha do Equador passava entre a Ilha de S.Tomé e a o Ilhéu das Rolas. O então Comandante Gago Coutinho demonstrou, através dos seus trabalhos de campo, que essa linha cortava na realidade este último ilhéu. Essa descoberta científica é publicada em portaria a 16 de junho de 1923.
No ano de 1922, ao empreender a primeira travessia área do Atlântico Sul, com o Comandante Sacadura Cabral, que conhecera nos trabalhos de geografia de campo em Moçambique, Gago Coutinho é consagrado como herói nacional, ao conceber de forma magistral todo o plano de navegação área da viagem.
A última fase da Vida de Gago Coutinho é dedicada aos estudos históricos da náutica, da cartografia, dos instrumentos de navegação, da arqueologia naval e das técnicas de navegação no período dos Descobrimentos. O seu contributo foi notável, para esclarecimento de algumas matérias, que se relacionavam com a navegação à vela nos séculos XV e XVI.
Por decisão da Assembleia Nacional Gago Coutinho foi promovido a Almirante em 1958. Faleceu a 18 de fevereiro de 1959, um dia após completar 90 anos.