O Museu de Marinha acaba de receber, na edição de 2020, mais um prémio da Associação Portuguesa de Museologia (APOM): Prémio Trabalho de Museografia, atribuído à Sala dos Grandes Veleiros, projetada no âmbito da remodelação da exposição permanente do Museu de Marinha.
Esta Sala é dedicada aos séculos XVII e XVIII, quando Portugal possuía um império caracteristicamente marcado pela descontinuidade espacial. O Oceano, ao invés de constituir um limite territorial, era o elo que assegurava a união e a articulação entre as demais partes, espalhadas pelo Mundo, que constituíam este Império. Por esta razão, tratando-se de uma potência oceânica, Portugal necessitava de uma estratégia que assegurasse a sua soberania no mar, que passava pela sua permanente vigilância, pelo desenvolvimento de técnicas de combate naval e pela renovação da armada.
É neste contexto, que surge um novo tipo de navio, fortemente armado. Estes navios, para além de serem meios de transporte e armas de guerra, constituíam símbolos de ostentação e poder por parte das respetivas marinhas. É o caso da nau portuguesa Príncipe da Beira, cujo modelo permite observar um painel de popa totalmente trabalhado em talha dourada. Num mar cada vez mais disputado, a ideia de ornamentação dos navios é rapidamente colocada de parte em detrimento de uma maior robustez e segurança, algo observável nos diversos modelos de veleiros em exposição, tal como a fragata Rainha de Portugal. O domínio dos mares era, agora, alvo de disputa entre os vários poderes europeus, que, através, dos seus meios navais procuravam exercer poder nos oceanos e dominar o comércio marítimo.
Nesta Sala é possível fruir não só dos modelos de navios em exposição, como de diversas pinturas, instrumentos de navegação, cartografia, objetos científicos e armamento, que contribuem para explicar alguns episódios de maior destaque da História Marítima Portuguesa nesta época.