O grande império português, que se desenvolveu a partir do século XV com a conquista de Ceuta, sendo que as ilhas atlânticas da Madeira, dos Açores e Cabo-Verde, assumiam uma posição estratégica determinante para as rotas de comércio marítimo e o controlo de força para garantir a sua segurança, quer em direção à América do Sul, quer em direção à costa ocidental de África – desde a Guiné e da costa da Mina a Angola, fornecedoras de recursos económicos de elevado valor para essas épocas – e, a partir daí, para o oceano Índico e o Oriente.
É certo que pouco tempo durou o exclusivo português dessas vastas áreas oceânicas, que o Tratado de Tordesilhas lhe havia reservado. Desde logo, a posição-chave do Cabo da Boa Esperança caiu nas mãos de holandeses e ingleses e estes últimos agarraram também diversos pontos da costa atlântica de África (e as ilhas de Santa Helena e Ascensão), sobretudo na sequência do seu envolvimento na caça aos traficantes de escravos no século XIX, seculo que viu também uma forte aposta da França pós-napoleónica em se assenhorear de largos territórios nessa mesma região, que os portugueses frequentavam há muito, mas de que nada conheciam do seu interior mais profundo.
Esta é uma investigação que pretende dar a conhecer às gerações de hoje o contributo da Marinha para a presença portuguesa na Guiné, em tempos mais recuados, mas não antigos, e as condições náuticas em que tal se processava, desde o advento do nosso constitucionalismo liberal. A Guiné “portuguesa” (hoje República da Guiné-Bissau) é o foco central da investigação, mas com uma atenção particular dedicada à sua Marinha.